sexta-feira, 22 de agosto de 2008

LANA BITTENCOURT 1955


Este é o primeiro disco em formato long-playing, ainda em 10 polegadas, lançado por Lana Bittencourt, em 1955 via Columbia, com fonogramas lançados anteriormente em discos de 78 rotações de grande sucesso. A aceitação do formato LP era ainda modesta e algumas gravadoras preferiam reunir faixas já consagradas em um único produto melhor acabado, do que lançar novas gravações. Muitos artistas tiveram coletâneas de sucessos extraídos dos discos em 78 rpms, como seus primeiros LPs. O resultado era que o novo formato ia criando belas coleções, discos que atravessaram o tempo, preservando a estranha beleza que a música brasileira possuía na época.

Em 1955 a gravadora
Columbia possuía um dos melhores estúdios de gravação do país, já familiarizado com o sistema em alta-fidelidade, em uso nos Estados Unidos desde o início da década. A qualidade do registro pode ser percebida em pequenos detalhes como o brilho na voz e nos demais instrumentos, a percussão em destaque e os arranjos orquestrais em profusão impressionante. O que os engenheiros de som conseguiam com os recursos e o sistema da época é de causar espanto.

Lana Bittencourt [nome artístico de Irlan Figueiredo Passos] foi cantora de grandes sucessos, conhecida pela voz perfeita em timbre forte, derramada em sambas e canções internacionais. Estrela das rádios Tupi e da Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, chegou a ter um programa exclusivo na TV Paulista, em São Paulo. Em discos estreou em 1954 pela gravadora Todamérica, passando para a Columbia no ano seguinte, onde permaneceu por muitos anos. Atua até hoje em discos e shows.

Temos aqui os primeiros grandes sucessos de
Lana Bittencourt, em uma coleção elegante, a começar pela belíssima capa. Dos primeiros acordes da orquestra em “Malagueña”, fantasia espanhola de Ernesto Leucona, versão em português de Julio Nagib, até o último suspiro do samba-choro “Porque É” de Milton Legey e Paulo Menezes, temos o privilégio de acompanhar a essa bela voz brasileira passeando por oito paisagens musicais. Destaque para a versão em português, também de Julio Nagib, para “Johnny Guitar”, grande sucesso internacional de Victor Young, trilha-sonora do filme homônimo, com arranjos incríveis do maestro Renato de Oliveira, com direito a solo de clarinete. Mas há também o belo samba-canção de Ricardo Galeno “Quem Se Humilha”; outra fantasia de Ernesto Leucona em versão de Julio Nagib, “Andalúcia” em belíssimo arranjo, destaque para a cascata de melodia promovida pela orquestra; e o samba-sincopado [seria uma pré-bossa nova em 1955?] “Pobre Menino Rico”, de Vargas Jr. e Oscar Bellandi, com letra mais que atual: “Pobre menino rico, da zona sul da cidade / embora tenhas de tudo, não tens a felicidade / não jogas bola de gude não sabes rodar pião / não podes pisar descalço a terra seca do chão...” Coisa finíssima!

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